A endometriose é uma condição que, geralmente, está associada à fase reprodutiva da mulher, caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio (que reveste o interior do útero) fora do útero, causando inflamação, dor e, muitas vezes, problemas de fertilidade. Por ser uma doença que depende dos hormônios femininos, como o estrogênio, muitos acreditam que ela desaparece após a menopausa. Mas será que isso é verdade? A endometriose pode se manifestar ou persistir no pós-menopausa?
Vamos explorar esse tema, que ainda é motivo de dúvida para muitas mulheres, e entender melhor o que acontece com a endometriose após a menopausa.
O que é a Endometriose?
A endometriose ocorre quando células semelhantes às do endométrio começam a crescer fora do útero, afetando órgãos como ovários, trompas de falópio, intestino e até mesmo a bexiga. Essas células reagem ao ciclo menstrual da mesma forma que o endométrio: elas se espessam, se quebram e sangram a cada ciclo, mas, ao contrário do tecido do útero, esse sangue e tecido não têm para onde ir, o que causa inflamação, dor crônica e, em alguns casos, aderências nos órgãos afetados.
A endometriose é frequentemente diagnosticada em mulheres entre os 25 e 35 anos, sendo uma das principais causas de dor pélvica crônica e infertilidade. O tratamento muitas vezes envolve controle hormonal ou, em casos mais graves, cirurgia.
Endometriose e menopausa: o que muda?
A menopausa é o momento em que a produção de hormônios femininos, como o estrogênio, diminui significativamente, levando ao fim dos ciclos menstruais. Como a endometriose é uma condição alimentada pelos hormônios, especialmente o estrogênio, muitas mulheres experimentam uma melhora significativa dos sintomas após a menopausa.
Mas é importante entender que a endometriose não desaparece automaticamente com a chegada da menopausa. Embora seja menos comum, algumas mulheres continuam a ter sintomas ou até desenvolvem a doença no pós-menopausa. Isso pode ocorrer por alguns fatores:
- Terapia de Reposição Hormonal (TRH):
Muitas mulheres optam por fazer a terapia de reposição hormonal para aliviar os sintomas desconfortáveis da menopausa, como ondas de calor, secura vaginal e alterações de humor. Mas como essa terapia envolve a administração de estrogênio, ela pode “alimentar” qualquer tecido endometriótico residual, fazendo com que a endometriose persista ou reapareça. - Produção de Estrogênio em Outros Tecidos:
Mesmo após a menopausa, o corpo continua a produzir pequenas quantidades de estrogênio, principalmente em áreas como o tecido adiposo (gordura). Esse estrogênio em pequenas quantidades pode continuar a estimular o tecido endometriótico, mantendo os sintomas da doença. - Endometriose Não Diagnosticada Antes da Menopausa:
Em alguns casos, mulheres que passaram pela menopausa podem ser diagnosticadas com endometriose pela primeira vez. Isso pode ocorrer quando a doença não foi detectada durante os anos reprodutivos ou quando os sintomas foram confundidos com outras condições. Embora a endometriose na pós-menopausa seja rara, ela não é impossível.
Sintomas de Endometriose no Pós-Menopausa
Os sintomas da endometriose na pós-menopausa são, em sua maioria, semelhantes aos que ocorrem durante os anos reprodutivos, ainda que possam variar em intensidade. Os principais sinais incluem:
- Dor Pélvica Crônica: Mesmo após a menopausa, mulheres com endometriose podem continuar a sentir dor na região pélvica, especialmente se a doença afetar órgãos como o intestino ou a bexiga.
- Dor Durante as Relações Sexuais: A dor durante a relação sexual (dispareunia) pode persistir em mulheres com endometriose, independentemente da menopausa.
- Problemas Intestinais ou Urinários: Se a endometriose afetar o intestino ou a bexiga, a mulher pode experimentar dor ao evacuar ou urinar, além de sintomas como constipação ou diarreia.
- Sangramento Vaginal: Embora raro, pode ocorrer sangramento vaginal anormal, especialmente em mulheres que fazem terapia de reposição hormonal.
Diagnóstico de Endometriose no pós-menopausa
Diagnosticar a endometriose na pós-menopausa pode ser um desafio, já que muitas mulheres acreditam que os sintomas relacionados à endometriose desapareceriam com a menopausa. Se uma mulher na pós-menopausa começar a sentir dor pélvica ou outros sintomas semelhantes aos da endometriose, é importante que ela procure um médico para uma avaliação completa.
O diagnóstico da endometriose geralmente envolve uma combinação de exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética, e, em alguns casos, uma laparoscopia — um procedimento cirúrgico minimamente invasivo que permite ao médico visualizar diretamente o interior da cavidade pélvica e confirmar a presença de tecido endometrial.
Tratamento
O tratamento da endometriose na pós-menopausa depende da gravidade dos sintomas e da localização do tecido endometrial. As opções incluem:
- Interromper a Terapia de Reposição Hormonal (TRH):
Se a mulher estiver fazendo TRH e apresentar sintomas de endometriose, o médico pode sugerir a interrupção ou a modificação do tratamento. Isso pode ajudar a reduzir a estimulação do tecido endometrial residual. - Cirurgia:
Para mulheres com endometriose grave ou dor persistente, a cirurgia pode ser uma opção. A remoção do tecido endometrial ou até mesmo a histerectomia (remoção do útero) pode ser indicada para aliviar os sintomas. A decisão de fazer uma cirurgia deve ser discutida cuidadosamente entre a paciente e o médico, considerando os benefícios e riscos. - Medicação:
Em alguns casos, medicamentos hormonais ou anti-inflamatórios podem ser usados para controlar os sintomas da endometriose no pós-menopausa. Esses tratamentos ajudam a reduzir a dor e a inflamação associadas à condição.
Conclusão
Embora a endometriose geralmente esteja associada à fase reprodutiva da mulher, ela pode, sim, persistir ou até se manifestar na pós-menopausa, especialmente em mulheres que fazem terapia de reposição hormonal ou que têm produção residual de estrogênio no corpo. A boa notícia é que, mesmo no pós-menopausa, a endometriose tem tratamento, e as mulheres podem buscar alívio dos sintomas por meio de intervenções adequadas.
Se você está na menopausa e sente sintomas como dor pélvica ou desconforto durante as relações sexuais, é importante conversar com um especialista para investigar a causa e discutir as opções de tratamento. A saúde e o bem-estar da mulher continuam sendo uma prioridade, independentemente da fase da vida.